Livro "Desenhos do Alentejo"
Desenhos: Luís Ançã | Introdução: Luís Gaivão
Desenhos: Luís Ançã | Introdução: Luís Gaivão
Uma estrada de pintar: o Alentejo de Luís Ançã
E começa-se numa estrada. E a estrada vai atravessando as memórias de presságio, na sensibilidade de cada quadro. Tem necessidade de parar muitas vezes, trazendo os tempos diversos para um patamar duma alegria tão simples e humana, que nunca foi perdida e se encontra à nossa frente, para disfrutar.
Não sei se a história precede ou sucede a natureza, sei que o Homem está no centro. As árvores e as pedras e os azuis do céu, as casas térreas pintadas a cal, de telhados de poucas águas e muros também branquíssimos, tantas vezes as trepadeiras, as chaminés arabesquizadas, as calçadas amainadas pelos passos de passar das vidas, os castelos que, agora, como as igrejas, são místicas recordações duma história que traz em si a força dum povo e sua terra, tudo isso nos inculca as várias memórias do que somos.
Mas é muitíssimo mais do que tudo isso, e desfilam, diante dos olhos gulosos de tanto ver, os desenhos de retratar, em sequencial naturalidade mas com vigor alentejano, o trabalho do Homem nos moinhos, nos mercados e feiras, na confeção dos pratos típicos, e naquela absoluta necessidade do conviver alentejano nas praças, nos cafés, feiras, mercados ou nos cozinhados de água na boca.
De modo que, nesta sua obra de maravilhar, regressamos ao nosso tempo vindos dum tempo outro para refazer a alma. E o Alentejo aqui, renasce com a pujança tranquila mas sólida e forte, em toda a sua natureza e sabedoria de humanidade.
Luís Ançã, após ter ingerido a açorda de peixe com o apetite que lhe despertou o chouriço de Estremoz, guardou as memórias no talego de pão, transformado aqui em banco de representações alentejanícias.
Surgiu, deste processo de sincretismo de artes, um hino à natureza: o azul luminoso dos céus alentejanos e os castanhos ondulados da planície recortam as paisagens dos verdes da vegetação e dos brancos dos muros de construções que até nas povoações mantém o respeito das memórias. Mais: paira na atmosfera dos desenhos uma pureza de ar que já não há, um cheiro de natureza perdida, um ensalivar de gastronomias quase secretas, um louvor à imensidão do Homem e à sua companheira Natureza.
E o artista, afinal, vem-nos emocionar a alma quando pinta que, afinal, tudo está vivo, temos é de abrir o talego do pão para continuar a jornada…
E continuar na estrada…
Luís Mascarenhas Gaivão
Não sei se a história precede ou sucede a natureza, sei que o Homem está no centro. As árvores e as pedras e os azuis do céu, as casas térreas pintadas a cal, de telhados de poucas águas e muros também branquíssimos, tantas vezes as trepadeiras, as chaminés arabesquizadas, as calçadas amainadas pelos passos de passar das vidas, os castelos que, agora, como as igrejas, são místicas recordações duma história que traz em si a força dum povo e sua terra, tudo isso nos inculca as várias memórias do que somos.
Mas é muitíssimo mais do que tudo isso, e desfilam, diante dos olhos gulosos de tanto ver, os desenhos de retratar, em sequencial naturalidade mas com vigor alentejano, o trabalho do Homem nos moinhos, nos mercados e feiras, na confeção dos pratos típicos, e naquela absoluta necessidade do conviver alentejano nas praças, nos cafés, feiras, mercados ou nos cozinhados de água na boca.
De modo que, nesta sua obra de maravilhar, regressamos ao nosso tempo vindos dum tempo outro para refazer a alma. E o Alentejo aqui, renasce com a pujança tranquila mas sólida e forte, em toda a sua natureza e sabedoria de humanidade.
Luís Ançã, após ter ingerido a açorda de peixe com o apetite que lhe despertou o chouriço de Estremoz, guardou as memórias no talego de pão, transformado aqui em banco de representações alentejanícias.
Surgiu, deste processo de sincretismo de artes, um hino à natureza: o azul luminoso dos céus alentejanos e os castanhos ondulados da planície recortam as paisagens dos verdes da vegetação e dos brancos dos muros de construções que até nas povoações mantém o respeito das memórias. Mais: paira na atmosfera dos desenhos uma pureza de ar que já não há, um cheiro de natureza perdida, um ensalivar de gastronomias quase secretas, um louvor à imensidão do Homem e à sua companheira Natureza.
E o artista, afinal, vem-nos emocionar a alma quando pinta que, afinal, tudo está vivo, temos é de abrir o talego do pão para continuar a jornada…
E continuar na estrada…
Luís Mascarenhas Gaivão