Livro "Angola: desenho e texto"
Textos: Luís Gaivão | Desenhos: Luís Ançã
Textos: Luís Gaivão | Desenhos: Luís Ançã
DESENHOS ESCRITOS E PALAVRAS DESENHADAS
O desenho ocupa o primeiro passo do ser humano sobre o que fazia para ver e para que fosse visto pelos outros. Foi assim na Pré-História, a criatividade. Mas o desenho feito nas paredes das grutas tinha consigo mistérios daquilo que se descobre e pode chamar a caça ou impedir as tempestades. Quando as mãos do homem começaram a desenhar não se imaginaria que muito tempo depois estaríamos na informática. Na verdade, foi no tempo da necessidade de codificar a comunicação oral que se desenharam os signos que levaram o Homem à escrita, ou seja, a desenhar letras.
No meu tempo de escola primária, em cada linha do caderno, a minha mãe ou a professora – que havia o caderno de casa – desenhavam em cada linha uma letra que eu repetia o desenho da letra até ao fim da linha com a consciência de que as letras mais parecidas com a matriz do lado esquerdo eram letras bonitas. Aprendia-se a ler desenhando letras. Depois, com o direito a lápis de cores era uma autêntica descoberta do nosso imaginário, a roda era uma chatice e o guiador da bicicleta ainda mais e foi assim na aprendizagem da vida com o desenho até chegarmos à nossa assinatura, uma espécie de desenho identitário.
Estes desenhos remetem-me à infância onde eu, como hoje, artista de só três retratos a carvão, mantenho a minha paixão pelos desenhos sobre todos os temas, principalmente os relativos à minha terra, paisagens, instantâneos, tatuagens na chuva e no vento, rostos, enfim, desenhos que, como estes, gostaria de ter estado ao lado do artista para vê-lo criar e nós podermos saborear de como o artista trata as cores como se estivesse a fazer brincadeiras com o nosso arco-íris e sensibilidade de pássaros debicando estrelas.
O mais interessante, neste livro, nestes desenhos do pulsar de Angola, escreve-se a nossa idiossincrasia pela palavra que o escritor ondula numa simplicidade poética que se mistura com os desenhos.
Escrita que se desenha e desenhos que se escrevem num livro que entrega a arte à nossa calma, fantasia e paz.
Na Pré-História os desenhos envolviam mistérios, estes, agora, envolvem uma montanha de feitiços de bem-fazer.
Manuel Rui
O desenho ocupa o primeiro passo do ser humano sobre o que fazia para ver e para que fosse visto pelos outros. Foi assim na Pré-História, a criatividade. Mas o desenho feito nas paredes das grutas tinha consigo mistérios daquilo que se descobre e pode chamar a caça ou impedir as tempestades. Quando as mãos do homem começaram a desenhar não se imaginaria que muito tempo depois estaríamos na informática. Na verdade, foi no tempo da necessidade de codificar a comunicação oral que se desenharam os signos que levaram o Homem à escrita, ou seja, a desenhar letras.
No meu tempo de escola primária, em cada linha do caderno, a minha mãe ou a professora – que havia o caderno de casa – desenhavam em cada linha uma letra que eu repetia o desenho da letra até ao fim da linha com a consciência de que as letras mais parecidas com a matriz do lado esquerdo eram letras bonitas. Aprendia-se a ler desenhando letras. Depois, com o direito a lápis de cores era uma autêntica descoberta do nosso imaginário, a roda era uma chatice e o guiador da bicicleta ainda mais e foi assim na aprendizagem da vida com o desenho até chegarmos à nossa assinatura, uma espécie de desenho identitário.
Estes desenhos remetem-me à infância onde eu, como hoje, artista de só três retratos a carvão, mantenho a minha paixão pelos desenhos sobre todos os temas, principalmente os relativos à minha terra, paisagens, instantâneos, tatuagens na chuva e no vento, rostos, enfim, desenhos que, como estes, gostaria de ter estado ao lado do artista para vê-lo criar e nós podermos saborear de como o artista trata as cores como se estivesse a fazer brincadeiras com o nosso arco-íris e sensibilidade de pássaros debicando estrelas.
O mais interessante, neste livro, nestes desenhos do pulsar de Angola, escreve-se a nossa idiossincrasia pela palavra que o escritor ondula numa simplicidade poética que se mistura com os desenhos.
Escrita que se desenha e desenhos que se escrevem num livro que entrega a arte à nossa calma, fantasia e paz.
Na Pré-História os desenhos envolviam mistérios, estes, agora, envolvem uma montanha de feitiços de bem-fazer.
Manuel Rui